Que diferença faz no parto normal esperar a bolsa estourar?

Compartilhe:

A bolsa das águas é onde o bebê permanece durante toda a gestação, se desenvolve junto com o bebê e sua placenta e é responsável por manter o bebê protegido de qualquer corpo estranho, vindo do mundo externo.

Durante o parto normal, fazer a bolsa estourar, ou se romper, artificialmente pode ser uma intervenção bem vinda, desde que não realizada de forma rotineira e pré-matura. E é sobre essa opção, presente no Plano de Parto da Artemis, que vou falar aqui para você.

A Bolsa das águas

 

O bebê passa por todo o tempo de sua curta, e intensamente transformadora, vida protegido pela bolsa das águas.

Feita de duas membranas quase transparentes e muito resistentes, a bolsa das águas armazena o líquido amniótico, essencial para a manutenção da temperatura intrauterina, o bom desenvolvimento e funcionamento dos órgãos internos e hidratação do bebê.

A bolsa mantém o ambiente protegido de bactérias e corpos externos além de também amortecer os impactos externos formando um grande “air bag” natural para o bebê

Funções principais: Proteção- Ambiente ideal para o desenvolvimento do bebê

Como fazem a bolsa estourar

Dentro da assistência clínica, realizada por médicos obstetras, enfermeiras obstetras e obstetrizes o procedimento pode ser realizado com o auxílio de uma pinça específica, que é introduzida através da vagina e colo uterino.

Com auxílio de direcionamento através do toque o profissional alcança a membrana da bolsa amniótica e com um único movimento faz a bolsa romper.

Funções principais: Acelerar o processo do parto, seja para concluir a dilatação ou período expulsivo

Quando pode ser uma boa opção

Fazer a bolsa estourar através de manobras não é um procedimento indicado para ser realizado de forma rotineira e enquanto a mulher estiver fora de trabalho de parto ativo. Porém, em casos específicos previamente avaliando riscos e benefícios à parturiente, pode auxiliar na aceleração do parto, já que a saída do liquido presente naquela região favorece a descida do bebê.

Lembra que uma das funções da bolsa é proteger o bebê de impactos, como um air bag? Sem essa proteção as contrações trabalham de forma mais eficiente, forçando a descida do bebê e consequentemente aumentando a dilação.

Essa orientação é encontrada inclusive nas Diretrizes nacionais de assistência ao parto, disponibilizada pelo Ministério da Saúde.

Funções principais: Facilitar o posicionamento e a descida do bebê

Como você vai se sentir

O procedimento que faz a bolsa estourar é indolor, pode causar apenas desconforto pela manipulação do profissional na vagina.

O que realmente muda, após a ruptura das membranas, é:

  • Sensação de contrações mais intensas
  • Você sentirá o bebê descendo com mais facilidade e intensidade
  • A cabeça do bebê forçará o colo do útero a se abrir de forma efetiva

Essas sensações são comuns e esperadas em um trabalho de parto habitual, portanto adotar posições mais confortáveis, contar com suporte de Doula e métodos não farmacológicos da dor pode te ajudar muito nesse processo.

Sensações Novas: Contrações mais efetivas e intensas

Por que colocar isso no meu plano de parto?

Prolapso de cordão

Todo e qualquer procedimento que vá ser realizado no seu corpo deve antes ser informado à você, de forma clara e simples. Romper a bolsa também.

Essa manobra realizada já no inicio de trabalho de parto, ou fora de trabalho de parto, pode favorecer para que ocorra prolapso do cordão. Isso significa que o cordão, única fonte de oxigênio e nutrientes para o bebê, seja empurrado para fora do útero e comprimido pelo corpo do bebê, junto com as contrações.

Essa é das poucas indicações absolutas de cesárea e dos motivos para sequelas cerebrais em recém nascidos, por causar baixa oxigenação para o bebê.

A melhor estratégia de prevenção primária nos casos de gestação única com feto em apresentação cefálica é NÃO realizar amniotomia de rotina, mesmo que presentes condições para praticá-la, isto é, dilatação avançada e apresentação fetal encaixada na pelve. A revisão sistemática disponível na Biblioteca Cochrane NÃO recomenda a amniotomia como procedimento de rotina na assistência ao parto, uma vez que não há quaisquer efeitos benéficos associados com essa prática. Melânia Amorim

Melânia Amorim é pos-doutora pela OMS, e participa da análise dos artigos científicos da revista Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (RBGO) e da FEMINA, das mais prestigiadas da área. Coordena, há oito anos, um projeto referência no SUS, em Campina Grande.

 

Vale muito a pena ler também

Prolapso de cordão por amniotomia precoce: o caso do filho do Diogo Mainardi http://estudamelania.blogspot.com/2012/08/prolapso-de-cordao-por-amniotomia.html

Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_assistencia_parto_normal.pdf

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.