5 coisas que podem atrapalhar o seu parto

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No post de hoje decidi trazer 5 coisas bem comuns que vejo atrapalharem bastante a evolução de partos. São coisas relativamente simples, algumas concepções erradas que fazem com que você tome atitudes que podem até mesmo minar as suas chances de um parto normal.

1. Muito esforço físico nos pródomos/fase latente

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Fonte: Photo by Janko Ferlic from Pexels

A ideia de um parto ativo e de se movimentar em trabalho de parto trouxe para muitas mulheres e falsa ideia de que no momento em que sente qualquer sinal, qualquer contraçãozinha: VAMO SE REMEXER! haha Agora imagina aí nesse rítimo, como é que você vai chegar no fim? Acabada!

No início do trabalho de parto, na fase latente que é considerada o “aquecimento” do parto, deve-se priorizar o descanso ou vida normal, com atividades já planejadas e que já fazem parte da rotina, sem excessos.

Atenção! A questão não é, no momento em que sentir qualquer coisa, parar tudo e colocar as pernas pra cima! Até porque isso pode acabar gerando uma ansiedade maior por você está apenas parada e esperando, pensando exclusivamente nisso, é mais questão de evitar excessos mesmo e de escutar o corpo quando ele pedir pausa e descanso.

2. Fase ativa muito parada

Ao contrário do que vimos no tópico anterior, a fase ativa é sim a hora de dar uma movimentada! O uso da bola, do cavalinho, andar, agachar… tudo isso pode ajudar muito o processo de evolução do trabalho de parto e a fase ativa é o momento certo pra isso.

Esse vídeo mostra como podemos usar o ambiente hospitalar a favor da movimentação:

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"PARTO ATIVO – SAIA DA CAMA!" ⠀ Esse vídeo foi gravado pra mostrar as possibilidades de uso do espaço de parto dos hospitais, os tornando menos clínicos! Achei GENIAL! É muito disso que nós doulas fazemos também! 😁😍 ⠀ A ideia é tornar o espaço ideal para "mover, agachar, levantar, balançar, balançar e ajoelhar". Podemos acrescentar nesse sentido a bola suíça, apagar as luzes, colocar música, afastar a cama (que traz p/ parturiente a tendência de ficar deitada, o que em geral é a pioooor posição 😣). ⠀ Com toda adaptação, é interessante manter o seguinte: posições verticais, pra frente e abriiiiindo! 😁😉 ⠀ #Parto #PartoAtivo #PartoHumanizado #PartoEmFortaleza #PartoNoCeará #DoulaEmFortaleza #DoulaYasminFarias #Repost @mother_of_daughters (@get_repost) ・・・ ACTIVE BIRTH – Get off the bed I was teaching my midwifery student today about looking at the delivery room and how as midwives we can utilise the space and make it feel less clinical. With the majority of births taking place in hospital on an obstetric unit, the biggest feature as you walk into any room is the bed. But it doesn’t have to be set up like that. Women will automatically sit or lie on the bed and once that mentality of being the ‘patient’ in hospital sets in, it’s hard to try and change that behaviour. But as midwives we can make small changes to create a birth environment that encourages women to move, squat, stand, rock, sway and kneel. And birth partners, doulas and student midwives, move the bed, ask for a mat, a birthing ball, a chair, dim the lights, move unnecessary equipment, put some music on. These small changes can make huge differences. UFO – upright, forward and open #activebirth #getoffthebed #laboureard #midwives #studentmidwives

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Do contrário, ficar muito quieta nesse período, especialmente quando deitada, pode não ser uma boa opção e especialmente uma boa forma de lidar com a dor das contrações e isso pode acabar comprometendo e ou retardando a evolução.

A presença de uma doula pode te ajudar nesse processo de encontrar posições e movimentos que vão auxiliar no processo e diminuir as dores e desconfortos que você pode vir a sentir durante essa experiência.

3. Internação precoce

Sabe quando você chega em casa depois daquele dia super intenso e você tá tão cansada que qualquer mínimo esforço parece demais, qualquer raciocínio parece muito complexo para ser feito e tudo parece pior do que realmente é, tornando-se impossível pensar positivo? Esse é o problema da internação precoce!

O fato de não estar no seu ambiente, onde você consegue descansar tranquila e se sente segura, de estar nutrindo aquela expectativa de “falta pouco” quando pode ainda faltar um bom tempo, não conseguir pregar o olho com toda movimentação do hospital… todo essa processo pode te levar a exaustão física e mental!

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‘Fonte: Photo by rawpixel.com from Pexels

Quando você fica exausta, a dor muitas vezes nem é muito o problema, mas o corpo parece tão cansado que você coloca na cabeça que não pode aguentar. Você vê outras mulheres parindo e não consegue pensar que elas chegaram em um momento mais avançado do trabalho de parto ou que simplesmente cada corpo é um corpo, você só acha que tem alguma coisa errada com você. Vê? Tudo que em geral costuma ser um “problema” como o medo de parir e das dores da contração já nem tem vez aqui, o cansaço físico e mental minam sua confiança e disposição.

Além disso, devemos levar em conta que, a partir do momento em que você é admitida para internação, passa a ser submetida a uma rotina de procedimentos e, sendo internada mais cedo, passará mais tempo suscetível a isso.

Na página 22 das Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal, o Ministério da Saúde indica 4cm ou mais para a admissão para assistência.

4. Tensão externa

Uma outra coisa que acontece muito é a gestante não conseguir se desconectar de estresses, pendências e tensões externas e acabar trazendo essas coisas pro ambiente do parto. Esse processo estimula a produção de adrenalina que compromete o funcionamento da ocitocina (hormônio essencial para o parto), além disso, também é válido lembrar do ciclo medo-tensão-dor.

É extremamente importante que a gestante junto com seu parceiro, ou seja quem for lhe acompanhar, planeje na medida do possível o que pode atrapalhar esse ambiente pra que evitem essas situações. A partir disso podem tomar atitudes como: escolher bem quem vai estar nesse ambiente, pra quem vão contar quando iniciar o trabalho de parto, evitar o uso de celulares no ambiente e buscar deixar a vida e o ambiente o mais preparados possível pra não terem muitas pendencias.

Durante o trabalho de parto, muitas vezes a gestante vai adotando uma postura mais introspectiva enquanto o parceiro continua se comunicando com amigos e familiares pelas redes sociais e aplicativos de mensagem e fora a tensão que já toma pra si, compartilha o que as pessoas estão dizendo pra gestante também e acaba compartilhando esse sentimento. Costumo brincar que o ambiente do trabalho de parto deve ser um universo paralelo especial que não permite tensões e preocupações pois não tem espaço suficiente pra isso e pra toda intensidade e sentimentos desse momento tão transformador!

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Fonte: pexels.com

Além do que já foi dito, outra coisa que costuma causar bastante tensão é ver as horas passarem. Se você notar que não vai lidar bem com isso, evite perguntar que horas são e peça previamente pra que quem vai estar com você não fique comentando sobre o horário.

5. Dieta zero

Trabalho de parto é esforço, é intenso… é TRABALHO! Sempre que vamos passar por uma experiencia assim, é comum vermos a recomendação de uma alimentação leve, não é mesmo? Por exemplo, quando você vai fazer uma trilha, participar de uma competição esportiva, fazer parte de uma passeata… em situações como essa sempre vemos a recomendação de alimentação leve e muita hidratação. Ironicamente, ainda hoje, em muitos hospitais a dieta para parturientes é líquida ou, ainda pior, zero!

Pensa comigo: quem aguenta passar tranquila por uma experiência dessa tão intensa e muitas vezes longa sem comer ou beber NADA? A justificativa das instituições é que caso a mulher venha a precisar de uma cesárea, o jejum faz-se necessário, mas o grande lance é que essa prática, em vários casos, acaba levando a mulher pra cesárea mesmo!

Claro que ninguém tá dizendo que vocês devem comer um x-tudo e coca cola, né? hahaha A ideia são comidas leves e que possam alimentar e dar energia pra você aguentar toda a maratona.

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Fonte: rawpixel.com from Pexels

Pra evitar tantas horas sem comer você pode, próximo à data provável de seu parto, garantir que tenha em casa alimentos leves e indicados pra que possa comer enquanto ainda estiver em casa e, além disso, considerar esse fator na escolha da maternidade que planeja parir.

 

Uma vez que você sabe que esses detalhes podem ser obstáculos para o seu parto, passa a ter a chance de se planejar e de evitar cair em uma dessas situações, então se prepare, considere esses fatores ao planejar o seu parto e faça o que for possível para contornar essas possibilidades.

REFERÊNCIAS

Sobre movimentação no trabalho de parto:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452007000200023&lng=pt&tlng=pt

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032006001100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Sobre o ciclo medo-tensão-dor

Sobre comer e beber no trabalho de parto

 

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