Do casulo ao céu

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Me chamo Fabiola Coutinho. Sou doula desde 2015, formada pelo Mulheres Empoderadas – Revelando Doulas.
Amante da natureza. Das coisas naturais. Da pureza da vida e da transformação do EU. Não tenho filho, e estou casada desde 2014. Moradora da Cidade do Rio de Janeiro, amo sol, praia, calor, céu azul e muita gargalhada livre, espontânea e sincera.
Graduada e pós-graduada em Letras, atuei na área de educação por 01 ano, até perceber que, embora eu gostasse muito de me envolver com essa atividade, dar aulas ainda não era o que eu queria. Entrei no mundo corporativo e trabalhei por alguns anos com projetos sociais, por meio de imagens: fotografias e vídeos.


Com o passar do tempo já não me sentia totalmente preenchida. Faltava algo na minha vida, no meu eu, que eu não sabia ao certo o que era. Busquei nos caminhos que percorria esse “algo a mais”. Eu sabia (e sei) que meu tom no mundo estava no ato de educar. Educação do pensamento, dos sentimentos, das ações – com o outro e comigo mesma – com a alimentação, com a natureza, com a política… porque tudo envolve a educação. Eu era uma educadora. Precisava encontrar um lugar aonde eu pudesse me fortalecer e me instruir ainda mais.

Como entrei no mundo da humanização e decidi ser doula?

Nessa busca incansável por mim mesma, um amigo muito querido, num trabalho de assistência social, me apresentou um trabalho maravilho que era realizado em Salvador. Era uma Casa de Parto. Casa de Parto? O que seria isso? Curiosamente, esse mesmo amigo receberia sua filha numa Casa de Parto, aqui no Rio de Janeiro. Ele apresentou a todos os participantes daquele curso o que seria receber e tratar as pessoas com o devido respeito. Mostrou em detalhes como funcionava a dinâmica dessa Casa de Parto (Salvador). E ao final da apresentação, conversamos longamente sobre o assunto.
Eu nunca tinha parado para pensar sobre parto. Na minha cabeça o bebê nascia, e só. Como, quando e aonde? Nunca detalhei isso nos meus pensamentos, mas entendia que era pela vagina, que ele passava ao nascer. Mas nada muito elaborado. Então, naquele dia, recebi uma super aula de humanização do nascimento. Esse meu amigo? é médico. Pediatra. E foi receber sua filha numa Casa de Parto. Aonde não tem médico. Aonde não é hospital. No SUS. No subúrbio do Rio. Como não me encantar? Como não me perguntar?

Quando me descobri Doula? 

Depois desse encontro fantástico com a humanização, fui surpreendida pela gravidez de uma amiga muito querida. Conversamos brevemente sobre essa “nova” e encantadora humanização do nascimento. Decidimos estudar juntas sobre o parto, humanização, sistema obstétrico, Casa de Parto e tudo o que envolvesse o assunto PARTO. Até que fui apresentada à doula.
Li, reli, achei interessante, mas nada além disso. Até que um dia, literalmente, acordei com uma vontade inexplicável de estudar mais sobre essa categoria. Sobre esse fazer. E decidi que faria o curso de doula. Mas aonde? Quanto custaria? E meu trabalho? Muitas coisas na cabeça me incentivavam e me amedrontavam. Depois de algum tempo decidi que faria. Se eu não gostasse, teria sido um investimento pessoal. Não me cobraria em seguir. Organizei minha vida e fui.

Que sentimentos foram aqueles?

Leveza

Indescritível os sentimentos (porque foram muitos) que tive durante a formação. Encontrei pedaços de mim que não via mais. Olhei o mundo, e quantas cores diferentes… Olhei para as mulheres e quanta VIDA encontrei! Olhei para a educação… a educação que há muito buscava. Aquilo que meu coração pedia há muito tempo. O que eu precisava… e senti. Senti meu coração gritando de gratidão. Sorrindo de alegria. Encontrei ali, naquele encontro, o caminho para a educação do coração, da alma, do nascimento, do renascimento. Ali, na educação perinatal: abraçar as dores, orientar a partir da ciência, “ser” óculos para quem não conseguia ver. Estimular à pesquisa. Não é isso que educador faz? Estimula ao conhecimento e orienta no que for necessário? Que encoraja? Eu seria uma nova educadora.

Saída formação pisando em nuvens. Querendo mudar o mundo. E mudei. Mudei meu mundo interior. Sabia que o exterior não dependia apenas de mim, mas que eu faria o possível para assistir, auxiliar… oferecer o melhor de mim.

Comecei a olhar o que seria a forma de nascer…

Comecei a olhar o que seria a forma de nascer. Nascer seria somente sair da barriga? Não. Quais as mudanças que o entendimento da humanização trazia para mim? Comecei a olhar melhor a forma como eu lidava com meu corpo. Mudei minha alimentação. Eu já era vegetariana, mas decidi ter mais respeito pela natureza, de forma geral. Comecei a observar a forma como eu consumia. Como eu tratava as pessoas. Como eu julgava as ações alheias. Comecei a observar que criança eu tinha sido e que adulto eu queria me tornar. Como foi minha educação e o que ela produziu em mim. Comecei a analisar a forma como eu me comunicava. E fui pesquisando, aprendendo, descobrindo… e fui me engajando mais no humanismo. Eu queria ser humanista.

Protagonismo! Não só no parto, mas na vida. Não só da gestante/parturiente, mas para o todo. Não apenas para a perinatilidade, mas para tudo que envolve o ser humano: seu nascer, ver, aprender e compartilhar. Eu precisava ser um ser humano diferente. Melhor para o meu mundo interior e para o exterior, também!

E hoje, quem estou?

Sempre que concluímos um curso, saímos dele querendo fazer e acontecer ne?! Comigo não foi diferente. Saí achando que salvaria todas as mulheres das violências obstétricas. Mas voltei à realidade aos poucos. Entendendo que a doula não salva vidas, ela orienta. Que doula não é analgésico, ela oferece meios de aliviar, não sanar da dor. Que doula não tem de ser, necessariamente, mãe, nem ter passado por um parto normal/natural. Que doula não sabe tudo, porque ser humano nenhum na face da Terra sabe. Comecei a perceber que eu teria que continuar minha formação e buscar cada vez mais, assim como deveria orientar a cada mulher nos atendimentos. Que doula não empodera ninguém, ela mostra o caminho. Entendi que não tinha que ser o que eu queria, mas o que a mulher precisasse. Aprendi o sentido de empatia. Da sororidade. O poder do círculo. Percebi o significado do amor próprio. De feminismo. De violências em geral. Nossa! Descobri tanta coisa… Encontrei a luz que precisava. Senti-a aquecendo meu rosto e coração. Colorindo e aquecendo minha alma, meu Ser. Ah! a luz…estou desabrochando. Lentamente. Um dia viro flor.

Hoje sigo buscando ainda mais, agindo, idealizando, olhando, sentindo e… doulando. Tentando ser humanista e respeitar o ser humano. O ser natureza. O Ser!

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Uma resposta para “Do casulo ao céu”

  1. Um presente maravilhoso para todas as mulheres que são acompanhadas por você, desempenha seu trabalho com maestria. Parabéns!!!!

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