Apoio efetivo do acompanhante no parto

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O apoio efetivo do acompanhante no parto é um dos fatores que melhora os desfechos do trabalho de parto, diminui a necessidade de analgesia e intervenções cirúrgicas, melhora a experiência de parto, proporciona maior envolvimento familiar com o bebê, protege as mulheres da violência obstétrica, dentre outros tantos benefícios.

Desde 07 de Abril de 2005 a justiça brasileira garante a participação de um acompanhante de livre escolha da gestante no parto e pós-parto imediato através da lei 11.108, conhecida como lei do acompanhante. Ela vale tanto para hospitais públicos quanto privados, em partos normais e cesáreas. Mas como o acompanhante pode exercer um apoio realmente efetivo? O que ele (a) deve ou não fazer durante as longas horas do trabalho de parto?!

“O bem-estar da nova mãe deve ser assegurado através do livre acesso, de um membro da família, de sua escolha, ao parto, nascimento e durante o período puerperal. Além disso, a equipe de saúde deve proporcionar-lhe apoio emocional”. OMS, 1985.

 

Quem é o acompanhante de parto?

 

Em geral é o pai do bebê. Mas pode ser a mãe da gestante, uma amiga, sua companheira, enfim, uma pessoa que lhe traga tranquilidade, segurança e bem-estar.

 

Mas esse não é o papel da doula? NÃO! Doula não substitui acompanhante e acompanhante não substitui doula! Enquanto o acompanhante é aquele olhar familiar, a doula é a profissional capacitada que proporciona conforto físico, emocional e psicossocial à parturiente, através de técnicas específicas de alívio à dor, encorajamento, acolhimento, informação cientificamente embasada, auxiliando, inclusive, no apoio ao acompanhante, além de servir como ponte entre a equipe técnica e a parturiente.

 

É importante reconhecer que o acompanhante está emocionalmente envolvido com a situação. Já a doula, apesar do vínculo que forma com essa família, terá um olhar amorosamente técnico sobre o processo.

 

Pai e Doula no Parto
Arquivo pessoal Cristiane Pereira em reportagem do Portal G1

Como escolher um acompanhante efetivo no parto

 

Essa talvez seja uma das decisões mais importantes que você vai tomar durante sua gestação, pois não é qualquer pessoa que pode ser um apoio efetivo no parto. Você deve lembrar que o acompanhante precisa te trazer amorosidade, tranquilidade, acolhimento e ser voz ativa para defender seus direitos sem “fazer barraco”, de preferência!

 

Não tome a decisão querendo agradar ninguém… Você precisa escolher quem será efetivo e ponto! Ah, no parto vale a regrinha: menos é mais! Seja domiciliar ou hospitalar, encher o ambiente de pessoas não é uma boa ideia… Mais vale a qualidade que a quantidade, já que os acompanhantes precisam ser pessoas que estejam nessa mesma “vibe” da humanização do parto e que sejam pessoas que auxiliem o processo e que não se ofendam se forem “escanteadas”…

 

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Como fazer bonito na hora P?

 

 

  • Participar de cursos de preparação para o parto, cuidados com o bebê e/ou das consultas com a doula. Saber que tipo de massagens, cheiros e movimentos ajudarão no momento das contrações e do expulsivo e ouvir as sugestões da doula sobre o que fazer em cada momento.

 

  • Ser uma voz ativa na defesa dos desejos da mulher, sem fazer escândalo (preferencialmente). Você estará às voltas com a dor e talvez não consiga “brigar” por alguma questão específica que foi acordada no plano de parto. Esse papel também é do acompanhante!

 

  • Fazer tudo que for possível para proporcionar segurança e bem-estar à parturiente. Você deve ser a protagonista desse momento.

 

  • Ser amoroso (a), paciente, ativo (a) e respeitoso (a). O parto é um importante rito de passagem para mulher e quando bem amparada e assistida essa experiência marcará positivamente toda sua vida.

 

Atitudes do acompanhante que  dificultam o trabalho de parto

 

  • Pedir pra mulher não gritar, não fazer escândalo ou não falar palavrão. Só quem passou por um trabalho de parto sabe que quando estamos na “partolândia” viramos “bixo” e jogamos todos os monstros pra fora. Faz parte do processo…

 

  • Ridicularizar a mulher ou fazer piada. Bom humor é um ótimo ingrediente na fase latente do trabalho de parto. Mas dependendo do tom da brincadeira, você pode se sentir humilhada e/ou ridicularizada e isso não é legal. Converse com o acompanhante pra evitar essas situações desagradáveis.

 

  • Levar para o lado pessoal as coisas que a mulher pode dizer ou fazer durante o parto. Durante o trabalho de parto você estará num estado alterado de consciência. É normal que diga e faça coisas que normalmente não faria. O acompanhante precisa saber que isso é natural e que ele não deve se ofender por conta disso.

 

  • Desencorajar ou entrar no padrão da “pena”. É muito comum que os acompanhantes, especialmente os que nunca assistiram a um parto normal, fiquem com muita pena da parturiente, do seu “sofrimento”. Quando a gente entende a fisiologia do parto e compreende que a dor faz parte do processo, saímos desse lugar de pena e entramos no lugar do apoio efetivo. Encorajar é muito melhor que sentir pena!

 

  • Falar ou fazer perguntas para mulher durante uma contração, especialmente na fase ativa do trabalho de parto. Uma das coisas mais importantes do trabalho de parto é você se concentrar no seu corpo, na sua respiração e no processo como um todo. Se as pessoas ficam falando com você, especialmente durante a contração, isso pode tirar sua concentração e prejudicar o bom andamento do trabalho de parto. Lembre-se: um bom acompanhante precisa saber calar!

 

  • Ficar questionando você sobre o tempo que está durando o trabalho de parto. Na verdade parto não tem tempo pré-determinado pra acontecer. Enquanto mãe e bebê estiverem bem, não é necessário se preocupar. Oriente o acompanhante a se dirigir diretamente à doula ou à equipe técnica com discrição caso tenha alguma preocupação com relação ao andamento do trabalho de parto.

 

Por fim, as características mais importantes do acompanhante na minha opinião são:  ser uma pessoa que conhece muito bem você, saber e respeitar os seus desejos, entender o processo do parto (o mínimo que seja necessário pra não sentir pena e não ficar tão preocupado com o tempo ou com a dor) e ser uma presença que te passe segurança, tranquilidade e bem estar! E se você puder contar com uma doula, tanto melhor, já que ela vai auxiliar não só você, mas também o acompanhante a ser um apoio efetivo no parto! 

 

Gostou? Então divida esse texto com todos os possíveis candidatos à acompanhantes do seu parto e converse longamente sobre cada um dos pontos levantados. E boa escolha!!!

por Silvia Helena Ferreira
por Silvia Helena Ferreira

 

Referências Bibliográficas:

  • Definição do acompanhante no parto

http://www.redalyc.org/html/381/38110215/

  • Assistência ao parto com presença de acompanhante

http://www.redalyc.org/html/1052/105215404008/

  • Conferência sobre Tecnologia Apropriada para Nascimento e Parto, OMS, 1985

http://www.jogc.com/article/S0849-5831(16)31316-7/pdf

  • Inserção de acompanhante na rede pública de SC:

http://www.redalyc.org/pdf/1277/127728368005.pdf

  • Participação do acompanhante na humanização do parto e sua relação com a equipe

https://www.revistas.ufg.br/fen/article/view/5266/6945

  • O acompanhante no parto:

http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=BDENF&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=10903&indexSearch=ID

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