Uma ambientalista que trabalha para filhos melhores pro mundo

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Bem pequena já pensava que nascemos para fazer algo por esse planeta. Extrovertida, gostava de escrever histórias e não me demorei para escolher minha profissão: jornalismo.

Durante a Eco 92 (Conferência Mundial de Meio Ambiente), o discurso de uma adolescente chamou minha atenção. Com meus escassos 13 anos me dei conta que, se não fizéssemos as mudanças necessárias, poderia ser que o mundo que meu filho conheceria seria absolutamente diferente daquele que eu vivia.

Foi ali que estabeleci meu compromisso para trabalhar para deixar um mundo melhor para os filhos do planeta.

Não demorei para decidir pela minha profissão: jornalismo. E com 21 anos trabalhava no Repórter Eco da TV Cultura e me especializava em jornalismo ambiental.

Foi investigando as pautas ambientais que pela primeira vez me deparei com o tema Maternidade. Nem pensava em ser mãe, mas o livro de Michel Odent “O Camponês e a Parteira”, me chamou atenção para um paradigma interessante. Da mesma forma como tratamos a Terra (o solo, como lidamos com a agricultura), aplicamos o mesmo para a Mulher e o nascimento. Era preciso uma mudança tanto na agricultura como na forma como o nascimento acontecia no planeta.

Foto: arquivo pessoal. Com massagem e muito amor servindo a uma Mulher em Belo Horizonte em 2016

Aquela chave mexeu profundamente comigo. Nos estudos de Educação Ambiental, minha especialização, acabei descobrindo que as mudanças de comportamento são promovidas pelas mulheres. São elas, em todo o mundo, que determinam o padrão de consumo, destino do lixo, uso de medicamentos. Sobretudo passam esse conhecimento para seus filhos e influenciam toda comunidade. Quando uma mulher desperta ela acorda uma cidade.

Nos caminhos da construção da ambientalista, desperta a Doula

Em minha trajetória pessoal havia rompido com a medicina tradicional. Aos 18 anos, depois de viver a única internação da minha vida por conta de uma terrível dor de garganta, decidi estudar e seguir sob a luz da homeopatia.

E desde que comecei a minha vida sexual, nesta mesma época, percebi que o controle feminino através de hormônios retirava a autonomia das mulheres sobre seus corpos e seus ciclos. Foi assim que decidi que nunca usaria hormônios ( e assim foi) e que estudaria meu corpo, meus ciclos.

Entrei em contato com algumas religiões que tinham muitos rituais com o sangue da menstruação, que honravam o sangue. Muito jovem eu passei a ver os aspectos físicos, emocionais e espirituais influenciados e influenciando meu ciclo. Ali nascia a Mulher Selvagem que despertaria durante a minha gestação.

Outros caminhos e o mesmo destino

Com a alma inquieta e em busca de respostas fora das convencionalidades, descobri no Yoga e no Reiki caminhos de autodescoberta, de autocura. E com 26 anos, no auge de todos esses caminhos traçados eu me descobri grávida. Foi um choque. Eu não estava preparada para ser mãe (a gente nunca está, né?).

Foi então que de posse de todo o conhecimento sobre meu corpo e as já estabelecidas rupturas com a medicina tradicional que eu, há quase 11 ano, decidi: eu teria um parto natural.

Sou filha de uma mãe com 2 cesáreas. de uma avó com 3 cesáreas. E minha bisavó que optou por parir seus filhos em um hospital.

Eu não conhecia ninguém que tivesse tido um parto normal. Foi então que me caiu a ficha: há algo errado com esse sistema.

Fui a única roda que tinha aqui em São Paulo: o GAMA. Nesta época Ana Cris, hoje Obstetriz, era doula e desbravava a humanização.

Foi ali, grávida de poucas semanas que descobri que se continuasse com o médico do meu plano de saúde, acabaria em uma cesárea, como quase todas as usuárias de planos de saúde.

Já estava acostumada a romper paradigmas. Assim, abraçada com minha mulher selvagem, com 37 semanas de gestação, mudei de cidade. Foi em Belo Horizonte que fui buscar meu parto.

A Humanização Mineira

A princípio optei por parir em BH por conta do hospital Sofia Feldman, referência mundial na humanização. Com taxas semelhantes a que preconiza a OMS (com 23% de cesáreas, baixa taxa de episiotomia), que encontrei a minha equipe de parto domiciliar.

E no dia 20 de fevereiro de 2007 nasceu em um parto orgásmico, domiciliar, Miguel, com quase 4kg e em menos de 40 minutos. Quando me perguntam qual o segredo eu sempre digo: não medicalização, Yoga (veja lá as evidências no final) e coragem. Além de Doula, sou também professora de Yoga.

Kalu grávida de 37 semanas. Foto: PaulaLyn

A vivência do meu parto despertou em mim o desejo de oferecer informação para as mulheres deste Brasil.

As primeiras plataformas de Blogs foram surgindo modificando o eixo da comunicação. E juntamente com 2 pioneiras criamos um dos primeiros blogs para falar de Parto Natural, Criação por apego, amamentação e muito mais.

O blog Mamíferas se tornou referência e ao longo dos anos passei a ser uma espécie de Doula visual. Até o dia que decidi sair das telas e descobrir a humanização na linha de frente.

Fiz o curso de Doulas do GAMA em 2010 e comecei a atuar em Belo Horizonte.

Nesses 10 anos de humanização acompanhei mais de 400 nascimentos. Vi mulheres e famílias se transformarem com o poder do Nascer. E descobri que não havia me desviado do meu caminho que tinha escolhido. Continuo cuidando da Mãe Terra sobretudo deixando filhos melhores para esse Planeta.

Hoje atuo em São Paulo em Partos Domiciliares, Hospitalares e em Casas de Parto.

Ao ingressar nos estudos de Psicologia pré e perinatal (ANEP) descobri que as marcas do nascimento contribuem para seres humanos que trabalham, onde quer que for, em prol da vida. Esses filhos melhores deste mundo poderão, de fato, deixar um mundo melhor para as futuras gerações.

Essa é minha história e se você chegou até aqui convido você a mergulhar nesse universo que pode transformar o mundo mudando a forma de nascer.

Referências:

Novo estudo de 2012 que comprova o benefício da presença da Doula no parto: http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n10/26.pdf

Estudo Científico de 2014 que comprova o benefício do Yoga no pré e pós parto. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/24767955/

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