Quem é ela?

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                          (Foto: Samara Barth, durante o Revelando Doulas XIV)

 

Ela é Samantha, aquariana com ascendente em câncer. Por ai, já podemos ver o quão heterogenia esta criatura pode ser. Uma velha nova de 25 anos. Que tinha um crush na escola. Namoraram, separaram, voltaram e casaram. Todos dizem que eles foram feitos um para o outro. Tenho que concordar!

      (Martín e Oliver, foto de arquivo pessoal)

Dessa parceria amorosa, surgiram duas figuras importantes, Oliver (2 anos) e Martín (6 meses). Que consigo trouxeram um mar de águas caribenhas em movimentações tsunamicas. Eles a fizeram passar do inferno ao céu. E foram eles que a fizeram perceber que sim, sua vida tinha um propósito. Que não, ela não estava divagando pelos anos sem ter um objetivo. Apenas ainda não era a hora de ela saber qual este seria. O que a moveria!

Antes de prosseguirmos com os frutos que essa curta vida trouxe à Samantha, convido-os a conhecer um pouco de seu passado. O que a fez ser, pensar, querer e batalhar nos dias de hoje.

Pegue um cafézin que ele é sempre muito bem vindo!

Sua infância, apesar de não fazer ideia na época, fora conturbada. Um histórico de pai acoolatra, mãe abusada pelo mesmo e uma situação financeira nada fácil. Teve o primeiro contato com o feminismo, antes mesmo de saber que, as atitudes que sua mãe tomara em determinado momento, eram de uma força imensurável. Sua mãe expulsou seu pai de casa, o que o fez procurar tratamento. Ele ficou fora por cerca de seis meses e sua mãe só o aceitou de volta quando ela já havia conquistado por completo sua independência financeira. Cuidava de 4 filhas completamente sozinha. Uma guerreira!
Bem, seus pais voltaram com o casamento. E nesse momento Samantha percebeu que pessoas podem mudar. Que ninguém precisa ficar submissa a ninguém. Que quando alguém ama um outro alguém, o que deve prevalecer é a parceria e não abusos e imposições.

Aos seus 14 anos, sua mãe foi diagnosticada com câncer de útero. Foram 5 anos de cirurgias e quimioterapia. Novamente viu o quão guerreira sua mãe era. Em julho de 2011 sua mãe faleceu. E por mais incrível que isso possa parecer, todos tiveram uma sensação de alívio.
Todos estes acontecimentos à levaram a uma maturidade da qual ela ainda não estava cronologicamente apta a adquirir. Em um ano foi morar com o namorado. E tudo deu muito certo até ela perceber que muita coisa havia ficado para trás. Isso atrapalhou o relacionamento dos dois que já não era mais uma parceria. Se separaram. Ela passou por um ano sabático vivendo tudo que achava que deveria viver. Durou um ano. E após esse ano, magicamente Samantha e Rafael, seu ex namorado, começaram a se relacionar novamente. Encontros leves, simples, sem cobranças e sem imposições. Um tempo depois já estavam morando juntos novamente. Um tempo depois uma gravidez foi descoberta!

Doula, “who”?

Foi nessa primeira gravidez que surgiram alguns questionamentos em sua vida, que ela nunca havia pensado antes. Como ganhar um bebê? Ela sabia que queria normal. Mas mal sabia o quão difícil era conseguir um parto minimamente normal.

Entrou em grupos, assistiu a documentários. Porém não foi o suficiente. Oliver chegou em um parto normal hospitalar intervencionista e cheio de violências obstétricas. Demorou meses até ela perceber o que havia passado. Foi escrevendo posts para um blog próprio criado na época, que percebeu o que cada procedimento significava e o tamanho de suas desnecessidades.
Dez meses após o primeiro parto, descobriu-se uma nova gestação. Dessa vez ambos, Samantha e Rafael, empoderadíssimos e cheios de informação. Contrataram uma equipe de PD (parto domiciliar) e uma doula, sem ainda saber muito bem o que uma doula fazia. Foram pesquisar mais a fundo e descobriram que a doula era mais do que uma pessoa que faz massagens, a doula era uma ferramenta de estudo e construção de um pensamento. Descobriram em pesquisas que a doula diminuíra grandes porcentagens nos usos e pedidos de procedimentos farmacológicos e cirúrgicos (estudo em “Mothering the Mother” de Klaus e Kennel publicado em 1993).

                       (Foto: Taiane Ferreira)

Mas o maior benefício que a doula poderia trazer, eles só descobriram depois do nascimento do pequeno Martín. Uma cesárea intra parto com bebê prematuro e pélvico. Engana-se quem acha que a doula só trabalha em um parto natural, normal ou simplesmente vaginal. O apoio e dedicação emocional dela ali no momento em que aquele   casal via seus planos e sonhos indo cesárea abaixo, foram a chave para uma depressão pós parto não se desencadear.
Foi após este nascimento, de Martín e de uma nova Samantha, que ela conseguiu perceber que era ali, fazendo aquilo, apoiando gestantes que ela deveria estar. Já possuía um armazém mental de informações, sempre fora comunicativa, ativista árdua da humanização do parto e nascimento. Samantha se descobriu. Procurou onde conseguiria ter uma formação de excelência. Achou! Passou 5 dias imersa na maior experiência da sua vida. E a cada aula, percebia que aquilo ali era seu universo.

Se jogou de cara e coração na doulagem e hoje possui 4 dpp’s (data provavél do parto). Suas gestantes a agradecem a cada consulta. O que a faz ficar cada vez mais motivada. Já a avisei para tomar cuidado com expectativas e manter sempre o pé no chão. E se algo a decepcionar, faz parte!

Mas eai. Quem é você?

Bem, cá estamos falando de Samantha, mulher esta da qual tenho o maior orgulho. Cresceu, viveu, aprendeu, caiu, levantou, estudou e percebeu o quão satisfeita está com o que faz!
Ah, esqueci de um detalhe colegas. Samantha sou eu que vos escreve. Esse eu que sempre sofre para falar de si mesma. Quem sabe agora, que sei por onde estou andando, não seja mais fácil de assumir toda essa minha história e conseguir levar cada acontecimento mais levemente.

                                                        (Foto: Taiane Ferreira)

Gratidão!

 

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Fonte:
Evidências da doula no parto

 

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